quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Spartacus

Grande parte dos épicos que vinha sendo lançados ao longo dos anos de 1950 era, geralmente, de teor bíblico. Mas Kirk (1960) queria realizar algo que não tivesse tom religioso. Sendo assim, Douglas negociou os direitos da controversa história da obra literária lançada em 1952, escrita por Howard Fast (1914-2003), que tornou-se uma leitura popular nos meios comunistas.

Aliás, a história de Spartacus já havia sido filmada na Europa, em 1953, sob o mesmo título (nos EUA, como “Sins of Rome”), e com a direção de Riccardo Freda (1909-1999), estrelado pelo astro italiano Massimo Girotti (1918-2003) no papel do herói-escravo, e a bela deusa francesa Ludmilla Tchérina (1924-2004) desempenhando Varínia, mulher de Spartacus. Produção italiana, realizada com apoio de capital de Liechtenstein, com música de Renzo Rossellini.

Sinopse
O filme de Freda romanceia a epopéia de Espártaco, o gladiador de origem trácia que liderou a maior revolta de escravos ocorrida na Itália romana (século I a.C.). Enquanto luta contra aqueles que querem destruí-lo, o herói da história é disputado por duas belas mulheres: a sensual Sabina, filha do aristocrata romano, Crasso, e por sua escrava, Amytes, vivida na tela pela bailarina Ludmilla Tcherina.
Elenco
Massimo Girotti - Espártaco
Ludmilla Tchérina - Amitys
Yves Vincent - Ocnomas
Gianna Maria Canale - Sabina Crasso
Carlo Ninchi - Marco Licínio Crasso
Vittorio Sanipoli - Marco Virilio Rufo
Carlo Giustini - Artorige
Umberto Silvestri - Lêntulo Batiato
Teresa Franchini - Mãe de Espártaco

Considero Spartacus (1960), de Stanley Kubrick, o melhor épico da história do cinema, ainda que o diretor não tenha tido a oportunidade de concebê-lo na sua integridade, pois, tratando-se de uma produção da companhia de Kirk Douglas, a Byrna (nome em homenagem à sua mãe), o autor de A Laranja Mecânica somente foi convidado após a desistência de Anthony Mann, que entrou em conflito com o poderoso producer.

Douglas, que já tinha trabalhado com Kubrick em Glória feita de sangue (Paths of glory, 1958), e admirado muito o seu trabalho; com a saída de Mann Kirk Douglas convidou Kubrick para assumir a direção, apesar dos protestos de alguns acionistas de sua empresa produtora, que o consideravam um imberbe para uma empreitada caríssima como Spartacus. O fato é que o filme, monumental, possui características kubrickianas na maneira de encenar, na composição do enquadramento (a câmera no chão com os gladiadores de corpo inteiro, por exemplo, em angulações ousadas), no sentido peculiar do ritmo, do timing, e da concepção de montagem (Laurence Olivier, como Crassus, enquanto fala para sua tropa, tem, intercalando-a, Spartacus a falar para seus comandados em montagem alternada extremamente funcional).

O melhor de tudo, porém, é a seqüência da batalha final, que somente poderia ter sido dirigida mesmo por um mestre como Kubrick, pois se assemelha, pelo impacto, pela força expressiva, à seqüência da batalha do gelo de Alexandre Nevsky (1938), de Serguei Eisenstein. Se, nesta, a partitura é de Prokofiev, a deSpartacus é de Alex North, músico especializado em grandes temas para cinema e que tem neste filme um de seus momentos de glória.

Filme de produtor, Spartacus, ainda que comandado administrativamente por Kirk Douglas, este confiou na capacidade daquele rapaz e lhe deu carta branca para a concepção das grandes seqüências. Este imenso espetáculo, singular na história do cinema, saiu (há alguns anos) em edição especial cheio de extras em DVD, e pode ser considerada a superprodução hollywoodiana que melhor se conservou com o passar do tempo e, vista hoje, é como se o filme tivesse sido feito agora.

A sensação que se tinha, quando do seu lançamento em 1961, era de um filme avançado para a sua época em termos da sua concepção de mise-en-scène, deixando em segundo plano Ben-Hur e Os dez mandamentos, embora estes possam, também, serem considerados espetáculos primorosos dentro das fronteiras de seu gênero. Spartacus, no entanto, ganha de todos eles por sua magnificência, sentido de cinema pulsante, elenco inexcedível. E Laurence Olivier, como Crassus, tem, aqui, uma de suas performances mais eloqüentes.

Baseado em livro de Howard Fast, com roteiro do grande roteirista Dalton Trumbo (que entrou para a lista negra de MacCarthy), Spartacus, sobre ser um épico empolgante, é um filme que mostra a relação escravocrata e a necessidade de um grito de liberdade.

Em Roma, um escravo trácio (Kirk Douglas/Spartacus) é comprado por um comerciante romano, Batiatus Lentulus (Peter Ustinov, que ganhou o Oscar por este desempenho) para a sua escola de gladiadores. Nesta vem a conhecer uma bonita escrava inglesa, Varinia (Jean Simmons) pela qual se apaixona. Quando o treinamento de Spartacus se encontra quase concluído, um general de Roma, Crassus (Laurence Olivier) faz uma visita à escola e exige, para satisfazer os desejos sadicos de sua comitiva, que dois escravos/gladiadores lutem até à morte. O escolhido é Spartacus, que se vê obrigado a enfrentar o guerreiro etíope Draba (Woody Strode, um dos atores preferidos de John Ford, negro alto e forte). Draba é vitorioso, mas se recusa a matar o companheiro. Tem início então uma rebelião e a fuga quando Spartacus começa a comandar um verdadeiro exército de escravos para lutar contra Roma.

A versão original, segundo dados do Imdb (The Internet Movie Database), o maior banco de dados sobre cinema do mundo, incluía uma cena em que Crassus tenta seduzir Antoninus (Tony Curtis). O Código Hayes, porém, então vigente e draconiano, não autorizou e a cena foi cortada da versão exibida nos cinemas quando de seu lançamento. Com a restauração milionária realizada em 1991 (fotograma por fotograma) a cena foi acrescentada. Mas, durante o trabalho de restauro, a equipe encontrou alguns problemas. A faixa sonora estava perdida (música e diálogos). Os atores, assim como foi feito em Lawrence da Arábia, de David Lean, os que ainda estavam vivos, se prestaram a dublar seus personagens. Mas a voz de Laurence Olivier, particularíssima, com ele já morto, deve que ser dublado por Anthony Hopkins, que procurou imitar, na medida do possível, a voz do maior ator de teatro do século XX.

Assisti Spartacus, pela primeira vez, no velho cine Tupy (Salvador/Bahia) antes da reforma de 1968. No já distante ano de 1961, quando, com 11 anos, quase que não conseguia entrar, pois, na época, o filme era proibido para menores de 14 anos. Assim, talvez meu entusiasmo pelo filme tenha vindo pelo impacto que provocou no adolescente que estava se formando como cinéfilo impertinente. Mas continuei, pela vida inteira, a ver Spartacus, indo assisti-lo onde estivesse passando. A última vez que foi exibido em cinema, creio, se a memória não falha, foi nos anos 70, no Tupy, em cópia esplendorosa na bitola de 70mm. Depois passou para a fita magnética, em horrendo full screen, e, agora, vem restaurado em edição que respeita a integridade de seu enquadramento, isto é, preservando o cinemascope original.

O elenco é excepcional, um cast de primeiríssima: além de Douglas, Simmons, Olivieri, Ustinov, Strode, estão presentes: Tony Curtis, Charles Laughton (em fim de carreira e que tem aqui uma interpretação soberba como um senador romano), John Gavin, Nina Foch, John Ireland, Herbert Lom, John Dall (um dos estudantes assassinos de Festim Diabólico/Rope, 1948, do mestre Hitch), Harold J. Stone, Charles MacGraw, entre outros. A iluminação é de um artista da luz: Russell Metty.
O fascínio que permanece em Spartacus se deve muito à contribuição de Stanley Kubrick como metteur-en-scène e, também, pela confiança que Kirk Douglas depositou nele. Produtor de visão, este dispensou a Kubrick a necessária liberdade para conceber o espetáculo, embora com algumas discussões e atritos por causa do temperamento do realizador de Lolita.

Spartacus é um filme permanente que, se for ser sincero, o colocaria entre os 10 melhores filmes que já vi. Há, nestas listas de melhores, as listas afetivas e as protocolares, que procuram aferir a importância dos filmes no processo histórico da sétima arte. Posso dizer que após os 11 anos de idade, quando o vi pela primeira vez, naquele Tupy com o teto cheio de teias de aranhas negras, Spartacus permaneceu comigo, fazendo parte, portanto, de minha história de cinéfilo.
Spartacus foi lançado no Brasil há quase meio século no dia 17 de novembro de 1960 (mas para a Bahia veio somente no ano seguinte).

Para adaptar o romance de Fast, Kirk contratou Dalton Trumbo (1905-1976), um dos DEZ DE HOLLYWOOD, que havia sido preso por se recusar a cooperar para o Comitê de Atividades Antiamericanas e teve que escrever roteiros sob pseudônimos por mais de uma década. Logo, Kirk Douglas também entrou para a história por ajudar a destruir a lista negra ao permitir que um dos perseguidos pelo "Caça as Bruxas" usasse seu próprio nome nos créditos de Spartacus.


Spartacus - produção de 2004



Spartacus

Título Original: Spartacus: Blood and Sand
Gênero: Épico / Drama / Fantasia
Ano de Lançamento: 2010
Duração: 60 min (cada episódio)
País de Produção: EUA / Nova Zelandia

Episódio 08:
Marca da Fraternidade (Mark of the Brotherhood)
Sinopse:
Superprodução com estética que lembra as recentes adaptações de graphic novels para os cinemas, Spartacus: Blood and Sand é realizada pela Stars Road Entertainment, comandada por Joshua Donen e Sam Raimi (diretor da trilogia Homem-Aranha). O roteiro ficou a cargo de Steven S. DeKnight (Angel, Dollhouse e Buffy a Caça-Vampiros). A direção é de Grady Hall, premiado diretor de publicidade e videoclipes.

Na série, o soldado romano Spartacus (Andy Whitfield) é sentenciado a morte em uma arena após desafiar o comando de Claudis Glaber (Craig Parker, O Senhor dos Anéis). Durante o combate, ele surpreende a todos e mata quatro gladiadores. Apesar do feito, Spartacus é condenado a escravidão. Além disso, é separado de sua esposa Sura (Erin Cummings) e a vê ser violentada por soldados romanos e vendida para um comerciante sírio. Batiatus (John Hannah, A Múmia) compra Spartacus. Decide colocar o escravo nos combates de arena e tirar vantagem financeira. Doctore (Peter Mensah, 300), seu treinador de gladiadores, não gosta da idéia, pois vê Spartacus como um perigo em razão de seu espírito de vingança. Paralelamente aos combates sangrentos, o herói é envolvido pela política, corrupção e luxúria da Roma Antiga. O elenco conta também com Lucy Lawless (a eterna "Xena") no papel de Lucretia.

Elenco:
Andy Whitfield - Spartacus
John Hannah - Batiatus
Manu Bennett - Crixus
Erin Cummings - Sura
Lucy Lawless - Lucretia
Viva Bianca - Ilithyia
Craig Parker - Claudius Glaber
Kyle Rowling - Drenis
Antonio Te Maioho - Barca (as Antonio Te Maioha)
John Rawls - Byzo
Kevin J. Wilson - Senator Albinius
Craig Walsh Wrightson - Solonius
Aron Eastwood - Tribune
John Way - Capuan Man

A nova série dos produtores de “Hércules” e “Xena, a Princesa Guerreira”, chega ao Brasil para um público limitado. O canal Globosat HD comprou a série “Spartacus: Blood and Sand“.

Criada por Stephen S. DeKnight, com base em história real, a série teve 13 episódios em sua primeira temporada. Renovada para uma segunda, a produção precisou ser temporariamente suspensa para dar tempo ao seu protagonista, Andy Whitfield, submeter-se a um tratamento contra o câncer, detectado durante exames de rotina. Para manter o interesse do público na história, o canal Starz americano encomendou a produção de uma minissérie de seis episódios, que apresentará um prelúdio à história vista na primeira temporada. As filmagens da minissérie terão início esse mês, com previsão de estreia nos EUA para outubro (2010). Adaptando a linguagem visual dos video games, a série explora as cenas de ação, violência e sexo para narrar a vida de Spartacus e as manipulações de Batiatus e sua esposa para ascender socialmente.

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